terça-feira, 26 de julho de 2011

A PEDRA DA SABEDORIA

- Certo homem que se acreditava sábio, encontrou, durante uma viagem de negócios que fizera a uma Cida vizinha, um mercador astuto que comerciava com pedras falsas, embora as apregoasse como legítimas e puras.
Ofuscado pelo brilho mentiroso das pedras, o homem que se julgava conhecedor das coisas e das almas, na ânsia de adquirir bens conquistados pelo ouro, não pelo esforço e experiência, comprou algumas, e pagou por elas grande quantia.
De volta à sua cidade, expunha, feliz, o seu pretenso tesouro a amigos e conhecidos. Até que, certa vez, exibiu-o a um perito, e este lhe revelou, finalmente, que as gemas não passavam de pedras sem valor.
Sabendo-se ludibriado, mais ferido em seu próprio orgulho que na boa fé. Atirou fora todas as pedras, indignado, esquecido de que fora vitima da própria presunção.
Tempos depois, outro homem, que recebera a missão de ofertar as preciosas pedras da Sabedoria, a ele confiadas por Shiva, a todos que delas necessitassem graciosamente, como o sol oferta luz, ao saber do logro aplicado ao homem que se considerava sábio, bateu a sua porta, ao entardecer.
Quando aquele o atendeu, o emissário de Shiva apresentou-lhe na palma da mão uma das valiosas pedras. Ao ver a gema, que cintilava em transparências azuladas à meia luz do poente, como se conservasse toda pureza e luminosidade do dia, o homem que se considerava conhecedor das coisas e das almas não lhe deu nenhuma importância, e repeliu o visitante, esbravejando:
- Não me enganarão mais! Fora da minha porta, cuspindo no homem... Do meu rico dinheiro não levaras uma só moeda do cofre.
Tranquilo, responde-lhe o emissário, enquanto guardava sua preciosa pedra:
- Não vim te ofertar um tesouro, mas ofertá-la a til. Porém o repeles. Melhor, não saberias aproveitá-lo...
Despediu-se o enviado de Shiva e seguiu calmamente seu caminho, a distribuir dádivas como os pássaros ofertam cânticos e as plantas suas flores...
O homem que se considerava sábio conhecedor das coisas e das almas ficou parado em sua porta, a olhar, com desprezo, o vulto do emissário que aos poucos desaparecia no noturno que procedera à tarde.
Orgulhoso, monologava:
- Ninguém mais me enganará ninguém...
No infinito, algumas estrelas surgiam entre flocos de nuvens...
Ao vê-las pensou o homem:
-São pirilampos... – e fechou a porta.
História de um “Rishi”
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