segunda-feira, 6 de junho de 2011

O EVANGELHO E O FUTURO





Um modesto escorço da História faz entrever os laços eternos que
ligam todas as gerações nos surtos evolutivos do planeta.
Muita vez, o palco das civilizações foi modificado, sofrendo
profundas renovações nos seus cenários, mas os atores são os mesmos,
caminhando, nas lutas purificadoras, para a perfeição daquele que é a Luz
do princípio.
Nos primórdios da Humanidade, o homem terrestre foi naturalmente
conduzido às atividades exteriores, desbravando o caminho da natureza
para a solução do problema vital, mas houve um tempo em que a sua
maioridade espiritual foi proclamada pela sabedoria da Grécia e pelas
organizações romanas.
Nessa época, a vinda do Cristo ao planeta assinalaria o maior
acontecimento para o mundo, de vez que o Evangelho seria a eterna
mensagem do Céu, ligando a Terra ao reino luminoso de Jesus, na
hipótese da assimilação do homem espiritual, com respeito aos
ensinamentos divinos. Mas a pureza do Cristianismo não conseguiu
manter-se intacta, tão logo regressaram ao plano invisível os auxiliares do Senhor, reencarnados no globo terrestre para a glorificação dos tempos apostólicos.
O assédio das trevas avassalou o coração das criaturas.
Decorridos três séculos da lição santificante de Jesus, surgiram a
falsidade e a má-fé adaptando-se às conveniências dos poderes políticos
do mundo, desvirtuando-se-lhe todos os princípios, por favorecer
doutrinas de violência oficializada.
Debalde enviou o Divino Mestre seus emissários e discípulos mais
queridos ao ambiente das lutas planetárias. Quando não foram trucidados
pelas multidões delinqüentes ou pelos verdugos das consciências, foram
obrigados a capitular diante da ignorância, esperando o juízo longínquo da posteridade.
Desde essa época, em que a mensagem evangélica dilatava a esfera
da liberdade humana, em virtude da sua maturidade para o entendimento
das grandes e consoladoras verdades da existência, estacionou o homem
espiritual em seus surtos de progresso, impossibilitado de acompanhar o
homem físico na sua marcha pelas estradas do conhecimento.
É por esse motivo que, ao lado dos aviões poderosos e da
radiotelefonia, que ligam todos os continentes e países da atualidade, indicando os imperativos das leis da solidariedade humana, vemos o conceito de civilização insultado por todas as doutrinas de isolamento, enquanto os povos se preparam para o extermínio e para a destruição. É ainda por isso que, em nome do Evangelho, se perpetram todos os absurdos nos países ditos cristãos.
A realidade é que a civilização ocidental não chegou a se
cristianizar. Na França temos a guilhotina, a forca na Inglaterra, o machado na Alemanha e a cadeira elétrica na própria América da fraternidade e da concórdia, isto para nos referirmos tão-somente às nações supercivilizadas do planeta. A Itália não realizou a sua agressão à
Abissínia, em nome da civilização cristã do Ocidente? Não foi em nome do Evangelho que os padres italianos abençoaram os canhões e as
metralhadoras da conquista? Em nome do Cristo espalharam-se, nestes
vinte séculos, todas as discórdias e todas as amarguras do mundo.
Mas é chegado o tempo de um reajustamento de todos os valores
humanos. Se as dolorosas expiações coletivas preludiam a época dos
últimos ''ais'' do Apocalipse, a espiritualidade tem de penetrar as
realizações do homem físico, conduzindo-as para o bem de toda a
Humanidade.
O Espiritismo, na sua missão de Consolador, é o amparo do mundo
neste século de declives da sua História; só ele pode, na sua feição de
Cristianismo redivivo, salvar as religiões que se apagam entre os choques da força e da ambição, do egoísmo e do domínio, apontando ao homem os seus verdadeiros caminhos.
No seu manancial de esclarecimentos, poder-se-á beber a linfa cristalina
das verdades consoladoras do Céu, preparando-se as almas para a nova
era. São chegados os tempos em que as forças do mal serão compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes
terrestres, e os seus últimos triunfos são bem o penhor de uma reação
temerária e infeliz, apressando a realização dos vaticínios sombrios que
pesam sobre o seu império perecível.
Ditadores, exércitos, hegemonias econômicas, massas versáteis e
inconscientes, guerras inglórias, organizações seculares, passarão com a
vertigem de um pesadelo.
A vitória da força é uma claridade de fogos de artifício.
Toda a realidade é a do Espírito e toda a paz é a do entendimento do
reino de Deus e de sua justiça.
O século que passa efetuará a divisão das ovelhas do imenso
rebanho. O cajado do pastor conduzirá o sofrimento na tarefa penosa da
escolha e a dor se incumbirá do trabalho que os homens não aceitaram
por amor.
Uma tempestade de amarguras varrerá toda a Terra. Os filhos da
Jerusalém de todos os séculos devem chorar, contemplando essas chuvas de lágrimas e de sangue que rebentarão das nuvens pesadas de suas consciências enegrecidas.
Condenada pelas sentenças irrevogáveis de seus erros sociais e
políticos, a superioridade européia desaparecerá para sempre, como o
Império Romano, entregando à América o fruto das suas experiências, com vistas à civilização do porvir.
Vive-se agora, na Terra, um crepúsculo, ao qual sucederá profunda
noite; e ao século XX compete a missão do desfecho desses
acontecimentos espantosos.
Todavia, os operários humildes do Cristo ouçam a sua voz no
âmago de nossa alma:
"Bem-aventurados os pobres, porque o reino de Deus lhes pertence!
Bem-aventurados os que têm fome de justiça, porque serão saciados!
Bem-aventurados os aflitos, porque chegará o dia da consolação! Bem aventurados os pacíficos, porque irão a Deus!"
Sim, porque depois da treva surgirá uma nova aurora. Luzes
consoladoras envolverão todo o orbe regenerado no batismo do
sofrimento. O homem espiritual estará unido ao homem físico para a sua
marcha gloriosa no Ilimitado, e o Espiritismo terá retirado dos seus
escombros materiais a alma divina das religiões, que os homens
perverteram, ligando-as no abraço acolhedor do Cristianismo restaurado.
Trabalhemos por Jesus, ainda que a nossa oficina esteja localizada
no deserto das consciências.
Todos somos dos chamados ao grande labor e o nosso mais
sublime dever é responder aos apelos do Escolhido.
Revendo os quadros da História do mundo, sentimos um frio
cortante neste crepúsculo doloroso da civilização ocidental. Lembremos a misericórdia do Pai e façamos as nossas preces. A noite não tarda e, no bojo de suas sombras compactas, não nos esqueçamos de Jesus, cuja misericórdia infinita, como sempre, será a claridade imortal da alvorada futura, feita de paz, de fraternidade e de redenção.

Livro: A CAMINHO DA LUZ
EMMANUEL
Psicografado por CHICO XAVIER

"QUE DEUS EM SUA INFINITA BONDADE NOS ABENÇOEI".

Nenhum comentário: