sexta-feira, 2 de outubro de 2009
SEMENTES DA VIDA
História de um "rishi"
_ Jardineiro-disseme o "rishi"- onde estão as tuas flores? Chegou a primavera e teu jardim esta sem vida.. Não plantaste novas sementes?
-Plantei, mas não brotaram. Veio a larva e as devorou uma por uma.
-Então não sabes, Jardineiro, que as larvas nascem do descuido? Os jardins são como os corações, necessitam de cuidados constantes... Se não forem regados com água do amor, se não os adubarmos com a seiva da virtude, não terão vigor para brotar, serão crestados pela larvas da cupidez, ganância e corrupção, tudo pela nossa imprevidência.
-A terra parecia fértil e boa, mas enganou-me. Sempre a cultivei sem adubá-la. Foi a primeira vez que não me deu flores na primavera. Até os gerânios pereceram...
-Jardeineiro, nós é que falhamos ao julgar pelas aparências. Não foi a terra que te enganou; ela deu-te aquilo que possuía... Antes de plantar é preciso revolver a terra, penetrá-la intimamente até onde alcarem as raízes do nosso bom-senso. Do contrário, será inútil todo esforço, e vã a sementeira.
- O calor do verão tirou-me o ânimo de trabalhar a terra. Apenas semeei na superfície. Com isso, evitava também calejar as mãos.
- O mesmo acontece aos corações, Jardineiro. Como podemos censurar-lhe erros e falhas, se não soubemos dizer não ao que acreditávamos justo e razoável, embora não fosse correto e direiro? Como colher gerânios na primavera, se não soubemos bem cultivar na época do plantio?... Se permitimos que as larvas, em sua voracidade e ignorância, destruíssem as sementes, que farás agora do teu jardim?
-Voltarei a ele, mestre... Afastarei dos canteiros as larvas e ervas daninhas... Devolverei à terra a pureza e a benegnidade de quando a recebi, adubada pela sabedoria e experiência dos semeadores da Natureza.
-Sim, Jardineiro... volta ao teu jardim. Cultiva-o com carinho e prudência, para que na próxima primavera tua colheita seja um poema de cores, perfume e luz, encantando a terra e os céus.
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